[Resenha] Alice no País das Maravilhas

Quando decidiu seguir um coelho que estava muito atrasado, Alice, caiu em um enorme buraco. Só mais tarde descobriu que aquele era o caminho para o País das Maravilhas, um lugar povoado por criaturas que misturam características humanas e fantásticas, como o Gato, o Chapeleiro e a Rainha de Copas - e que lhe apresentam diversos enigmas...


(Fonte: skoob)





Antes de começar a falar sobre a obra em si, gostaria de deixar avisado que não li a segunda parte: Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Além de querer acrescentar que o box (Alice no país das Maravilhas & Através do espelho e o que Alice encontrou por lá) parece ter ficado LINDÃO, a capa já é de encher os olhos e as fotos que muitos blogs postaram, do interior do livro, são simplesmente maravilhosas. Dá aquela vontade louca de tê-lo na estante. 
Imagens retiradas do seguinte blog: EssasFrescurites

Agora, sim, posso falar do livro, que é pequeno e se você ler de qualquer jeito, sem querer pegar as referências, sem querer entrar de cabeça na história, termina rapidamente. No entanto, sinto que ficará aquele sentimento de: não entendi. Principalmente se você já assistiu aos filmes, pois lá o mundo da Alice parece menos confuso, parece mais mágico, mais palpável. 

Diferente do livro, que passamos a prestar atenção em como as coisas acontecem, a forma como elas são ditas e repassadas pelo autor (tem até poesia concreta no meio disso tudo). Aliás, não só a poesia como referências a uma cultura diferente da nossa, vista por exemplo, na parte do chá. Na Inglaterra, após a Corte ter adotado o costume de tomar chá às 17h, passou tal hábito para a população também. Aí, na parte do Chapeleiro Maluco, pode-se notar um claro questionamento a isso: qual o problema de tomar meu chá em outro horário? Só que, é claro, não precisa ser necessariamente a questão do chá... Acredito que trabalhe o tema de uma forma geral: nós somos ditados pelo tempo ou nós que ditamos o tempo? E por aí vai. 


Alice: quanto tempo dura o eterno?

Coelho: às vezes, apenas um segundo. 

Eu tinha uma ideia completamente diferente do livro. Pensei que fosse pegá-lo e encarar como uma leitura fácil, rápida, suave. Bem infantil mesmo, nada demais. Então, eis que... Acho que já faz o quê? Uns cinco dias ou mais (ou menos) que li Alice e sinto que até hoje estou pensando nele, por estar cheia de dúvidas, por estar, realmente, sem saber o que pensar. Quero dizer, eu me surpreendi... Não pela espetacularidade na obra ou algo do tipo, mas por ser EXTREMAMENTE diferente do que eu imaginava. Ademais, fiquei curiosa para saber a razão de tantas pessoas amarem Alice, justamente por toda essa abstração do livro. Imagino que seja, definitivamente, pelo seu ambiente misterioso, mágico, com vários questionamentos que ficam no ar. 

De qualquer maneira, a fim de complementar a resenha, gostaria de deixar duas frases aqui, as quais, acredito eu, resumem bem a minha impressão sobre o livro (a primeira foi alguém que falou sobre e a segunda é uma frase do livro): 

"Mal sabíamos nós que, ao crescer, encontraríamos em vários rostos pela vida afora, diversas versões da rainha de copas, do gato de cheshire e do chapeleiro louco."

"Tudo tem uma moral, se você encontrá-la."

Diante disso, afirmo: ler obras como Alice no País das Maravilhas me fazem se sentir idiota. Afinal, em cada momento, em cada fala, em cada personagem, tento encontrar motivos para serem o que são, tento encontrar algum tipo de lição. Ao mesmo tempo que fico meio receosa, perguntando-me: mas e se o autor quis dizer simplesmente... NADA COM NADA (em determinadas partes, é claro)? Então, eu acabo por me sentir meio viajada, meio louca. 

Aí é que entra a segunda frase que eu quis deixar citada: tudo tem uma moral, se a gente encontrar. E como somos nós que encontraremos, cada frase, personagem, fala e atitude será interpretada e aceita de uma forma diferente. Aplicaremos a nossa vida como bem entendermos. Além de depender do momento pelo qual estamos passando. Arrisco dizer que, talvez, até o próprio Lewis interprete de forma diferente com o passar dos anos. 

Acredito piamente que, se eu tivesse lido Alice na infância, provavelmente veria tudo de uma forma mágica, talvez até estivesse, agora mesmo, organizando um chá com meus bonequinhos e inventando mil histórias novas. Porém, li com dezoito anos e agora, tento trazer o que foi lido para a vida real. Assim, a magia, ao invés de ser magia, torna-se algo sério e passo a ver cada um como um gato de cheshire, um chapeleiro louco ou uma rainha de copas (como dito na primeira fase). Basicamente, na infância eu usaria a magia. No momento, eu tento entendê-la. 




Sim, o livro é uma viagem LOUCA (talvez, a resenha também esteja sendo). Por ser uma viagem louca, não acho que dê para chegar num entendimento perfeito. De jeito algum. Eu e a Gabriela (também aqui do blog) lemos uma parte da obra juntas e a gente só conseguia pensar em como a Alice estava drogada ou qualquer coisa do tipo. TODAVIA, ao estar mais perto das páginas finais, era como se a mágica havia voltado. Deu aquela vontade de estar naquele mundo de loucuras, só por um instante. 

Teve uma hora que aquele mundo me pareceu mais divertido, mais atraente. Inclusive, devo dizer que assim como a Alice, aos poucos fui aceitando a loucura da história. Passei a não me importar mais com o fato de animais falarem, não me importei mais com o fato de nada fazer sentido ali e de ninguém se entender. Eu estava aceitando, aos poucos, que aquele mundo era assim. E eu acho que é o que acontece hoje em dia, a gente aceita as coisas: por parecerem mais fáceis, por parecerem mais rápidas ou satisfatórias, além de possíveis. 


"A única forma de chegar ao impossível, é acreditar que é possível."

Imagino como seria se buscássemos maiores questionamentos e imagino se o autor queria fazer alguma crítica na hora do julgamento (uma das cenas finais). Foi o que me pareceu ao ler, já que não procuramos ver todos os fatos, absorver todas as informações, nós recebemos o direito de nos apresentarem maior transparência na hora de julgar algo ou alguém, a fim de tentar mudar alguma coisa, e, simplesmente deixamos que quem pareça superior, comande a situação. Talvez, se nós nos sentíssemos maiores, acabaríamos tendo maior coragem de realizar atos inusitados. Afinal, foi por estar num tamanho maior que a Alice conseguiu enfrentar a Rainha e o Rei. É claro, nós não precisaríamos ser maiores de tamanho, apenas nos sentirmos maiores (seria o caso de quem tem o ego inflado e utiliza essa característica de maneira errônea, achando possuir o direito de tratar as pessoas como bem entenderem - A Rainha de Copas, por exemplo).  

Quanto aos personagens, devo dizer que o meu favorito é, e sempre será, o Gato de Cheshire. Devo confessar que não entendo muito o que há por trás das ações dele, mas imagino que seu sorriso represente um pouco da sensação de liberdade, já que pode aparecer quando bem desejar. Ou talvez, o sorriso seja só o sorriso de um Gato de Cheshire. Não se sabe. O que eu sei é que gosto de pensar em liberdade ao olhar para ele é o que ele representa para mim. 



"Alice: Você poderia me dizer, por favor, qual o caminho para sair daqui?

Gato de Cheshire: Depende muito de onde você quer chegar

Alice: Não me importa muito onde...

Gato de Cheshire: Nesse caso, não faz diferença por qual caminho você vá

Alice: desde que eu chegue a algum lugar

Gato de Cheshire: Oh, esteja certa de que isso ocorrerá, desde que você caminhe o bastante.”

O Chapeleiro Maluco e a Lagarta também são dignos de nota. São personagens interessantes, que trazem questionamentos intensos com eles. E eu gosto disso. Então, não poderiam estar fora da minha lista (vale ressaltar que o Johnny Deep, no papel de Chapeleiro Maluco, conquistou muita gente, é ou não é?). Aliás, falando em filme, a Gabriela falou de uma frase que não apareceu no livro, mas está no filme e que é muito bacana, então deixarei por aqui: 


" - Chapeleiro, você me acha louca?
 
- Louca, louquinha! Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são."

Sobre a Alice, a personagem principal, só consigo pensar o seguinte: quantos de nós já fomos Alice? Quantos continuam sendo? Quantos sonham com o país das maravilhas e quantos fazem o país das maravilhas acontecer? Com a Alice, eu lembrei dos meus sohos, da minha infância e voltei a pensar no tipo de adulta que desejo ser. Memórias nostálgicas, memórias desejosas e esperançosas, a Alice me trouxe um pouco disso. 



"Quem sou eu, então? Respondam-me primeiro, e então, se eu gostar de ser essa pessoa, voltarei; se não, ficarei aqui embaixo até que eu seja outra."

No fim das contas, sou só mais uma leitora e espero ter passado um pouco do que aderia da leitura para vocês. Fazendo um breve resumo, digo que Alice é um livro intrigante - principalmente pela estranheza que causa - e amável, por me fazer voltar a querer imaginar as coisas fora do lugar e por me fazer pensar que tipo de adulta eu me tornarei, assim como que tipo de criança eu era e de forma isso me influenciou. 


Bom!
Observação: recomendo, após terminarem a leitura, darem uma pesquisada nas várias interpretações existente sobre o livro, muitas coisas interessantes serão encontradas. Gostaria de dizer também, que há uma discussão legal sobre Alice: se é realmente destinado para o público infantil. Destinado ele até pode ser, já que, como dito antes, crianças enxergam o mundo de outra forma, mas... Todo adulto poderia ter esse livro em casa também (ou ter lido). Não para os filhos, mas para ele. Seria legal, inclusive, discutir com o seu filho, sobrinho... Para ver a forma que ele enxergou a Alice.

Bem, é isso. Durante a resenha, eu decidi me apegar mais aos ensinamentos, acho que a história muitos já conhecem, ainda que de relance, nas suas mais variadas formas de arte (filme, livro, teatro...).





5 comentários:

  1. Comprei esse livro na bienal aqui de Brasília, depois de assistir ao filme (não, nunca tinha visto). Vou confessar que achei meio "hãm?", mas gostei pra caramba!
    Talvez por eu ter começado a assistir já pensando que não poderia não gostar de um filme que todo mundo gosta meu julgamento tenha sido, desde o começo, manipulado por mim mesmo... mas não interessa. O fato é: eu gostei daquela viagem toda que é o filme.
    O livro está na minha lista, e depois dessa resenha eu acabo de decidir que não irei criar expectativas com a leitura. Vou ler com a mente bem aberta pra ver se consigo absorver algo de bom.
    Gostei muito dos seus comentários... Acho que não poderiam ser diferentes, porque assim como é no filme, o livro deve ser uma viagem total.
    Beijos ^^

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Terminei de ler hoje (comecei ontem à noite). A leitura é tão boa que não consegui parar. Lembrei de não criar expectativas e assim o fiz até o fim...
      É bem diferente do filme, mas eu preferi o livro (como quase sempre acontece).
      Não tive tempo de refletir sobre alguma moral por trás de tudo, e nem sei se vou mesmo atrás de uma... Apesar da Duquesa dizer que "tudo tem uma moral" e que "é apenas uma questão de encontrá-la" eu não acho que seja necessário sempre procurar por uma (desculpe-me, Sra. Duquesa).

      Eu sempre costumo marcar algumas partes dos livros com a lapiseira, e dessa parte aqui eu gostei bastante (pág. 28, do livro de bolso):

      "Meu Deus, meu Deus! Como tudo é esquisito hoje! E ontem tudo era exatamente como de costume. Será que fui eu que mudei à noite? Deixe-me pensar: eu era a mesma quando me levantei hoje de manhã? Estou quase achando que posso me lembrar de me sentir um pouco diferente. Mas se eu não sou a mesma, a próxima pergunta é: 'Quem é que eu sou?'. Ah, essa é a grande charada!"

      Gostei muito da leitura. Um dia lerei Alice para os meus filhos, rs.

      Excluir
  2. Esse parece ser um livro muito gracioso. E eu pretendo tê-lo/lê-lo muito bem breve. :)
    Acredito que ele tenha inúmeras interpretações mesmo e isso me deixa ainda mais instigada.

    Beijos,
    Nina & Suas Letras

    ResponderExcluir
  3. Oi Mayara,
    Já vi a animação de Alice no País das Maravilhas milhões de vezes, principalmente quando era pequena rs!
    Mas o livro não me chama muita atenção, principalmente porque não sou muito fã de fantasias de forma geral.
    Mesmo assim, adoro o filme, é incrível! :)
    Beijos,
    Ká Andrade
    http://teens-books.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  4. Oi! Eu li o livro com uns 11, 12 anos e lembro que não gostei muito. Achei sem graça. Mas quero ler de novo, quem sabe gosto mais xD.

    http://www.odomdaescrita.com.br/ (seguindo aqui. Se puder seguir o meu, agradeço. Também tem post novo por lá!)

    ResponderExcluir

Comente de forma consciente :D